Pesquisar no site

Contato

Bate Papo Musical

boechat.boechat@gmail.com

GOSTO MUSICAL SEMPRE SERÁ DISCUTIDO

15/01/2013 11:45

GOSTO MUSICAL SEMPRE SERÁ DISCUTIDO




De Ivan Lins a Sidney Magal, de Maria Bethânia a Tim Maia, de Caetano Veloso a Elis Regina, ao longo da carreira ninguém escapou da opinião ferina dos críticos, nem mesmo dos próprios colegas de profissão. O jornalista e crítico Daniel Mas, que depois virou autor de novelas na Rede Globo, talvez tenha sido o crítico mais ousado e sincero ao emitir uma opinião impiedosa sobre uma artista que vivia da unanimidade tanto do público quanto da crítica.
Ninguém concorda absolutamente com o mesmo gosto quando o assunto é música. Tem gente que sempre é do contra, atacando a todos e tudo, somente para defender sua opinião. Afinal, quem tem razão? O cantor, o público ou a crítica? Não importa, a verdade sempre vai ser parceira do público e é partindo dele que sao reveladas as estrelas consagradas. Dalva de Oliveira, Elizeth Cardoso, Ademilde Fonseca e Carmen Miranda, cantoras que viveram cada uma o seu apogeu, num momento sendo estrelas, noutro divinas, mas sempre na preferência do público. Bethânia, Gal, Zizi, Simone ou Fafá de Belém? Waldick Soriano, Chico Buarque, Caetano ou Peninha? São todos conhecidos do público, da crítica e da classe artística, mas certamente sao recomendados com advertências especiais por quem gosta ou não gosta, para quem ama ou odeia.

A voz da experiência e do bom censo de Eric Clapton

“(...) Sempre que eu ponho meu novo álbum na vitrola e começo a pensar que ele é ótimo, eu ponho Stevie Wonder logo depois para mostrar a mim mesmo que há coisas melhores. Eu acho ele incrível, sem contar a predileção natural que tenho por cantores. Nunca compro um disco por causa da guitarra-lider mas, pela voz do cara”. Eric Clapton. Matéria publicada na revista Ele Ela em abril de 1975

A revolta de Wanderléa

“(...) Antes as críticas eram mais violentas ainda. Hoje até que suavizaram um pouco. Mas acho que há um preconceito muito rançoso em não perceber a importância nossa, a importância do movimento Jovem Guarda. Este movimento provocou uma revolução no comportamento dos jovens. Se hoje a música brasileira está mais solta, já utiliza instrumentos eletrônicos, isto tudo deve-se, também, ao nosso movimento. Mas os críticos não enxergam isto. Colocam a Jovem Guarda como um hiato entre a Bossa Nova e a Tropicália. Ora, nós fomos este bastão que ligou a Bossa Nova e a Tropicália. Então se os críticos, de um modo geral, não se tocaram ainda, burro é que são”.
Wanderléa. Em entrevista para Fatos e Fotos Gente em outubro de 1980.

A liçao de Sidney Magal

“(...) Olha, vou contar uma historinha: eu sou vidrado no Ivan Lins, no trabalho dele; acontece que é um trabalho dirigido pra pessoas já bastante esclarecidas. (...) O brasileiro é muito puro, ainda, e você tem de chegar, agradar naquilo que eles querem, depois lentamente, começar a fazer a cabeça deles. É o que eu me proponho a fazer. E atenção: há lugar para todo tipo de arte. Simplesmente porque há gosto pra tudo”.
Sidney Magal. Revista Fatos e Fotos Gente. Julho de 1980. em entrevista para Renato Sérgio.

O sucesso segundo Tim Maia



“O sucesso a qualquer preço não existe, porque ninguém faz sucesso porque simplesmente quer fazer sucesso. Sucesso é resultante de um carisma. Acontece que a falta de talento faz com que certas pessoas queiram levar o negócio na marra, usando meios que podem até parecer diplomáticos, mas que não são. Em suma: o que está faltando no Brasil é a união dos artistas. União dos Artistas! Nós temos uma força imensa”.
“Tirando hemorróidas, diarréia e dente cariado, a vida é maravilhosa! Principalmente no Brasil, que isso aqui é porta do terceiro milênio”.
O cantor Tim Maia. Em entrevista para Renato Sérgio à revista Ele Ela em novembro de 1987.

Crítica morde e assopra

“(...) Caetano é o mais apagado: sua nova composição Contudo não é nada, não diz nada realmente, mas salva a pele como cantor em Felicidade, de Lupicínio Rodrigues.” (...)
Maria Helena Dutra. Criticando o disco Temporada de Verão (Philips) com Caetano, Gal e Gil. Revista Nova. Junho de 1974.

Maria Bethânea é coerente

“Acho que todo mundo tem o direito de elogiar ou criticar. Quando tenho notícias de elogios ou de críticas, gosto de interpretá-las; quando ela é negativa, procuro entender, não fico preocupada; qualquer trabalho que faço é sempre o melhor que consigo realizar. Nunca vou fazê-lo pela metade.”
Maria Bethânia. Sobre como ver e recebe a crítica. Amiga, fevereiro de 1982.

O pior de Elis Regina segundo o crítico Daniel Más


Ela escolheu para seu repertório as duas músicas de que ela mais gosta do Lupicínio. Aliás, ambas com excelentes gravações da cantora Núbia Lafayette (Cadeira Vazia e Maria Rosa). Elis começa dando um tom dramático, o que poderia ser curioso. Mas não consegue o dramático. Fica no sério. Ela quer fazer um pouco o gênero de intérprete antiga. Mas a sua antiguidade não é antiguidade, “é fora de moda”.(...) No geral, o problema de Elis ainda é representar demais, o tempo todo, tanto em disco quanto no palco. Não passa um segundo de sinceridade. Nem mesmo quando, por um momento, ela volta à gaiatice dos velhos tempos cantando, de Gilberto Gil, Amor Até o Fim.(...) Não sei realmente o que há com Elis que não consegue entender as músicas e sobretudo as letras. Nem mesmo quando são feitas para ela e claras como a do Gil cuja letra vai assim: “O compositor me disse para cantar descontraidamente...” É claro que ela não consegue cantar descontraidamente. Jamais conseguirá.(...) Mais sanguinária que qualquer dos filmes de Pekinpah. Ela confunde grito e berreiro com agudos e outras coisas, enfim, enfiando no bolso aquela sua fase modesta e contida em que jamais levantava a voz, dando apenas técnica. Crítica de show assinada por D.M. (Daniel Más), publicada na revista Status de fevereiro de 1975. Daniel faleceu em 1989.